terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ao contrário, as cem existem

Olá pessoal, estava lendo um texto hoje cedo e nele tinha um poema que gostei muito e achei legal compartilhar com vocês.

O poema é de Loris Malaguzzi, secretario da educação da cidade italiana Reggio Emilia.

Para refletir:

Ao contrário, as cem existem (Loris Malaguzzi)

A criança
é feita de cem.
A criança tem cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e de falar.
Cem sempre cem
modos de escutar
de maravilhar e de amar.
Cem alegrias
para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir.
Cem mundos
para inventar
Cem mundos
para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem cem cem)
mas roubam-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separam a cabeça do corpo.
Dizem-lhe:
de pensar sem mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender em alegrias
de amar e de maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir um mundo que já existe
e de cem roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe enfim:
que as cem não existem.
A criança diz:
ao contrário, as cem existem.

2 comentários:

  1. Tradução livre do original italiano: Ana Lúcia Goulart de Faria, Maria Carmem Barbosa e Patrizia Piozzi.

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  2. Não só as crianças, mas toda pessoa sensível, curiosa, criativa, cheia de idéias, cheia de vontade de fazer coisas novas tem cem, mil, milhões, trilhões... de possibilidades de ser, de viver, de crescer! Deixemos em paz as crianças, os jovens e adultos, para que possam ser eles mesmos e que nos procurem, quando sentirem confiança em nós.

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