terça-feira, 15 de setembro de 2009

Comentário do filme “Vermelho como o Céu”

O filme me sensibilizou em relação a dois pontos: o primeiro refere-se à exclusão social de pessoas com deficiências, e o segundo concerne ao sistema escolar em geral.
Mirco, um garoto que perde a visão acidentalmente, foi estudar em uma escola para cegos, pelo simples motivo de que a lei não permite que um cego estude na escola regular. Diante da relutância do pai de Mirco, os médicos alegam que será melhor, pois lá ele receberá um ensino apropriado. Aqui, cabe questionar: apropriado para quem? A lei ampara aquele que é cego ou aqueles a quem a presença deste cego incomoda? O esforço em isolá-los e o fato de o cuidado da educação dos meninos cegos estar sob encargo de religiosos (o que nos leva a entender esta escola como uma instituição de caridade), possibilita inferir que as pessoas com deficiências devem ser afastadas para incomodar menos a sociedade. E a partir disso emergem diversas desculpas: devem receber um ensino adequado para aquilo que são capazes, e suas capacidades são limitadas por trabalhos manuais.
O filme, no entanto, vai contra este pensamento que perdurou durantes séculos. Através do cotidiano das crianças cegas na escola, mostra que aquelas não são crianças que tiveram seus potenciais, relacionamento, inteligência, capacidade, imaginação e criatividade prejudicadas por conta da falta de visão. Pelo contrário, são crianças que encontram meio de contornar a falta de um sentido através de outros, que não deixam de inventar, de brigar, de ir ao cinema e de namorar. Basta que alguém lhes dê a chance de escolher!
Outro ponto que me levou a refletir foi a comparação desta escola para cegos com o nosso próprio sistema escolar, e agora me refiro não somente à crianças com deficiências, mas a todas as crianças que estão na escola. Até que ponto também nós não limitamos a expansão da criatividade das crianças, impondo-lhes o que julgamos ser melhor para a sua idade, para a sua realidade, ou seja, impondo a nossa verdade? Será que elas, quando estão na escola, também não sentem sua visão embaçada, pois não lhes é dado o direito de enxergar o mundo à sua maneira?

Um comentário:

  1. Pois é, Cris... E a escola ainda diz que é para todos! Eu diria: para todos que funcionem de acordo com os modelos já estabelecidos, né?

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